Tudo é pretexto. A vida é pretexto para a morte, a ida é pretexto para a volta, o novo é pretexto para o velho, até o velho é pretexto para o novo.
O pretexto que precede por definição e abre caminho por vocação.
O pretexto do texto é o incômodo, o da criatividade é o desafio.
E texto é o pretexto de mim. Vai à minha frente, me apresenta antes da minha chegada. Ele me abre, me destrincha e a partir de então meus segredos pouco importam. O que eu sou já foi revelado, ou pelo menos a parte mais importante de mim.
O texto é a minha caminhada. O meu desafio, meu orgulho e a minha frustração. O meu texto não é meu, eu é que sou dele. Sou escrava do que escrevo, dependo do que sai de minhas mãos. Sirvo ao que me leva, me ocupa, me paga. Devo a ele a minha caminhada. O meu texto é a minha estrada, o meu guia, a minha condução.
O meu texto não é meu. Ele é livre. Uma vez saído de mim, ele é do mundo. E eu estou presa à sua liberdade.
Esse é o meu texto. Pretexto de mim.
Última fase do processo de seleção para Redator Júnior na Editora Abril. Dissertação sobre o tema "Meu texto, pretexto para estar aqui".
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